Foram-me os anos de maior doçura,
Maior prazer, mas de mais curta vida,
Os que vivi com ela, a mais querida
De quantas hei amado, porventura.
Mas se já estava a sorte decidida,
Melhor seria, às portas da loucura,
Que eu tentasse esquecê-la, atroz tortura
Sabê-la sempre para mim perdida.
Fiz-me boêmio então, gastei meus dias
Ostentando fingidas alegrias,
Porém num pranto interior, imerso.
Fiz-me poeta, pra morrer cantando.
Deixei com ela a alma, e vou deixando
Pedaços de mim mesmo em cada verso.
8.1.10
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