18.8.09



Amo como ama o amor. Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar.

Que queres que te diga, além de que te amo, se o que quero dizer-te é que te amo?

(F. Pessoa)

15.8.09

Elocubrante

Música de rádio nos ouvidos
canção de liberdade n'alma
nas mãos os calos daqueles duros dias
quando o nada era tudo.
Quando o escrito era lei
e o grito o algoz.
Som de novo
a fazer barganhas impossíveis,
a trazer nas nuvens o sol raiado,
um pouco do absurdo de todos nós,
sorvidos em pequenos goles de cálice seco
evaporado pelo calor de nosso tédio
pelo ardor de nossa ira
ou pelo amor de nossos filhos, sei lá.
Do discurso louco de cada um,
um trecho de verbo forte,
um mundo de horizontes sem luz própria
e a lanterna do universo apagada na mão.


Julio Vianna

11.8.09

...

Perco pedaços pelo caminho
mal contenho aquilo que preciso carregar
Sou pedra, sou ponta de lança
Não choro, não falo, não ando
Nos momentos de solidão viajo em meus devaneios
Solto o corpo no ar.. e caio como pena
Grito alto, mas só os surdos me ouvem
Sou espinho, pimenta.
Sofro de excesso de consciência.

Sabrina
08/06/06

10.8.09

EPITÁFIO

Procures escrever tudo aquilo que sentes,
E procures viver tudo o que tu escreves,
E tudo aquilo que em teus versos inventes,
Em teu coração cuida que o conserves.

Mil rimas eu fiz, mas na vida não tive
Agir consoante a nenhum de meus versos.
Vivi longe deles, de modos diversos,
E poeta só é quem os seus versos vive

E se esta verdade em teu peito não gravas,
Farás belo canto e serás um esteta,
Mas como não fui, não serás um poeta
Se a tua poesia for só de palavras

2.8.09

De agora em diante

De agora em diante eu só vou observar.

Ouvir é melhor do que falar. Traz mais benefícios, faz-nos maior.

Soneto

Por que só eu, meu Deus, entre os mortais,
Carrego gravada em minha retina
Uma constante imagem feminina;
Por que só eu, meu Deus, e ninguém mais?

Por que todos no mundo, meus iguais,
Por crerem em Vós já não são cativos
De qualquer paixão, por Vós redivivos;
Por que não eu, a quem também amais?

Eu, que tenho convosco uma aliança
Forjada em minh'alma quando criança;
Por que a mim, meu Deus, me castigais?

Retireis dos olhos meus tal maldição;
Livrai-me destas algemas ou, então,
Por favor fechai-os, até nunca mais!

Rodrigo Thomaz