19.1.10



Ah, todo este desperdício inútil de ternuras!...

8.1.10

Pedaços de mim mesmo em cada verso

Foram-me os anos de maior doçura,
Maior prazer, mas de mais curta vida,
Os que vivi com ela, a mais querida
De quantas hei amado, porventura.

Mas se já estava a sorte decidida,
Melhor seria, às portas da loucura,
Que eu tentasse esquecê-la, atroz tortura
Sabê-la sempre para mim perdida.

Fiz-me boêmio então, gastei meus dias
Ostentando fingidas alegrias,
Porém num pranto interior, imerso.

Fiz-me poeta, pra morrer cantando.
Deixei com ela a alma, e vou deixando
Pedaços de mim mesmo em cada verso.

1.1.10

- tenho tanto que dizer, que fazer, que sonhar,
e só há cinzeiros cheios e garrafas vazias.
tenho tanto, tanto medo de não querer,
de continuar abraçando minhas pernas num ato compulsivo de fugir da dor.
queria uma aspirina complexa, uma que invadisse o cérebro, que fizesse tratamentos sintomáticos de tudo que me fere.
queria uma garrafa de whisky com pequenas doses de sanidade,
e um céu nublado, feio, escuro e angustiante,
um que combine com minha alma.


Jéssica Carolina