27.2.09

Soberania; um status quo que já não mais!

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Se política envolve os interesses, de algum grupo por “benefícios domésticos” é a soberania que vela essa intenção. No Brasil - ou em qualquer lugar do mundo que exista sob semelhante expectativa - os anos da decáda 1960, de 1500, de 1980 e mesmo 2009, ainda provocam discursos desajustados ao que existe frente as nossas retinas tão fadigadas, e insamente negamos; somos um chiste da diferença, um retalho de todas, poucas, nobres e improvavéis soberanias que já não mais.
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A soberania do islâmico, do americano, do mulato, do bêbe, do escritor, do lavrador, da camareira, da criança de rua, do motorista de ônibus, do jogador de futebol, do padeiro, do filósofo, do músico, da prostituta, do obeso, do professor, da mãe, da médica, do artista, da esposa, do índio, do religioso, do skink head, do astro-físico, do embalador de supermercado, da torcida organizada, do eremita, do egoísta, do refém, do síndico, do vidraçeiro, da vegetariana, do militar, do lixeiro, do víuvo, do banqueiro, do careca e “das tantas adjetivações com as quais preconceituosamente identificamos outrem” está de acordo à lógica, e bem nutrida, tradição de onde nasceu; essa, que impõe ao indivíduo uma natureza verídica das coisas que estam ou como são, visto que temos o uso distorcido de tudo o que avaliamos compreer.
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Soberania pátria, permanecendo o exemplo, reforça o pensamento intransigente que as tradições fundaram na porção mais inconsciente de cada um de nós – entendo então, sermos todos parentes-irmãos- compatriotas por razão dessas tradições - ainda que rejeitemo-nas como valores pessoais ou que assumimos silenciosamente.
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As nossas casas são fortalezas sempre prestes ao ataque, e por ser assim, podemos revidar, podemos atacar antecipadamente, ou então, articular planos hostis contra futuras ofensivas; concluindo sem grandes esforços, os meios da lógica humana e sua natureza irracional ao longo da história civilizada.
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Conciliando diametralmente, o previsto, em oposto - ainda sem constranger-nos à sugestões de ideologias libertária contra honradez de uma nação – somos acarinhados pelo entendimento de uma tal pan-hegemonia cultural, uma pureza a que somos confortados por serem novas fronteiras estabelecidas. Ainda que “amar teu próximo..” seja inadmissível na realidade contemporânea, fazendo de nós oponentes anônimos e declarados, AME e experimente-se pelo caminho óbvio “...como a ti mesmo”; os governos não tem militância pelo respeito ao próximo - seja esse “próximo” quem for, sem previlégios e distinções.
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Portanto, aos que desejam ser ouvidos, lembrados, honrados, amados, estudados, discutidos, permita-se a crítica e seja sincera audiência. Ainda que tenhamos uma leve sensação de dejavù político, que a história é burlada por ocorrências reincidentes – primeiro, lastime-se eternamente por você não atender a praxis da evolução como supõe a ciência -, conquistamos o beneficio da dúvida quando percebemos em nós as circunstâncias da falta de individualidade na humanidade, sem os limites que enchergamos nos mapas políticos.
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Fracasse a ressonância de opiniões totalitárias soadas ao prazer do vento, pois o poder, seja qual for sua aparência, torna o oprimido mestre dos vícios de seu opressor, e defende-se de sentimentos que nunca teve. Por tanto, se até aqui não concordou com nada que escrevi, saiba que ‘oprimido e opressor’ são dotados de importantes e diferentes capacidades, mas em luta, as armas são as mesmas – essa é razão de um planeta fisicamente redondo, sem lados de apoio ou sustentação – que a loucura humana pode até resistir, mas infelizmente revive padrões de traumas memoráveis e intímos da liberdade de que fomos seifados.
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Finalmente, veja que se conseguir antecipar-se na resposta de um desconhecido; tipo “Eu sei que nunca me aceitaria ou aceitará! Não somos capazes de nós amar, tamanha a diferença para convivermos nesse planeta... Ou no mesmo andar desse prédio!”, o máximo e improvável que pode acontecer é partilharem de um legítimo Estado de Respeito Soberano; esse sim, precioso e infalível!
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(( Assumir tal postura envolve muito mais que meu empenho crítico-poético. ))
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Saudo com Alianças.

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Saudações aos editores, frequentadores, colaboradores do Ex-Actitudes!
Agradeço imensamente o convite do Sr.Claudio, galante e sempre tão atencioso por meus escritos - teremos sim, uma longa e gloriosa parceria; aos demais, será um grande prazer conhecê-los e trocarmos tantas informações o possível!
Tudo que postarei aqui tambem será de livre acesso, discussão e complementação; por isso fiquem a vontade nas minhas palavras!
Por hora apresento-me com;
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"Aliança de Gatos"
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Tão dentro do meu coração,
Meu amor inteiro à tona!
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( Aliança de Gatos é dedicado ao meu amor primeiro, que tem a forma e a razão de ser assim reconhecido! )
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11.2.09

Palavra-canção

Antes que a minha voz se converta
Em espada sedenta de luta
Cola a tua boca na minha.

Que eu me cale!, que eu emudeça!,
Se na minha voz houver a crueza,
Se minhas palavras não forem canção.

Palavras de sol, de sonho e leveza...
Palavras de flores, de fogo e paixão...

3.2.09

Quebra-gelo.

Hora de vir aqui falar. Hj eu quero só escrever sem pensar no que, porquê ou pra quem. Sou só eu em letrinhas murchas e arrastadas. Se você gosta do que lê, provavelmente vai gostar de mim. Vc está me lendo agora.
Sabe, eu estou sentindo falta de muitas coisas. Algo assim...saudades, mesmo. Sinto falta do Brasil. Mais que isso: sinto falta do Rio de Janeiro. E não me venha com esse papo de que “tem gente que chora de barriga cheia”, e que no Brasil a situação continua difícil, a corrupção continua engasgando o povo, o transporte público não funciona, saúde pública não existe e os impostos só aumentam. Sempre a mesma ladainha. Não me venha com essa. Tô com saudade do Brasil, sim. Saudade do Brasil e de tudo que isso possa vir a acarretar.
Ora, eu sei de tudo isso! Sei muito bem dos males da minha terra. Cresci ai, de pés descalços, jogando pelada com os moleques. Não me esqueço, não. E quem chora de barriga cheia é quem está aí, reclamando (tirando meus brasileirinhos, aqueles que não estão de barriga cheia, claro). A situação está feia em qualquer lugar. Tem corrupção em todo lugar do mundo. O homem também é ser humano por aqui!
E eu sinto falta...eu quase desmancho de saudades. Sinto falta de acordar cedo (nunca consigo dormir muito no Brasil...há tanto a ser vivido!) com o sol batendo no meu rosto, dourando a minha pele, convidando pra sair. Sinto falta de abrir os olhos, abrir a janela do meu quarto no Humaitá e sentir o cheiro de calor, de vida, de ânimo! E depois tem os barulhos! Ahhhh, os barulhos do meu Rio de Janeiro. Os chiados do meu sotaque carioca, a musiquinha das vans que vêm da zona norte do Rio, os sussurros do flerte. Carioca precisa de contato. Carioca precisa sentir o mundo, precisa tocar, precisa se apaixonar de 5 em 5 minutos. Nunca sofre por amor. Tem um novo encanto em cada esquina. Um amor em cada porto.
E o dia começava automaticamente. É impossível olhar na janela e não sentir vontade de se misturar naquilo tudo, se confundir com o Rio. E eu sinto saudades de pegar a primeira roupa que eu vir, sempre um short e uma camiseta. Escovar meus dentes e sentir que o frescor contrasta com o calor da cidade. Depois vinha o banho, sempre quente. Odeio banho frio. Mas o Rio é a única cidade que me fazia pensar em girar a torneira depois do banho quente e deixar um pouco de água fria escorrer pelo corpo, só pra refrescar. E eu odeio água fria. O Rio confunde seus instintos.
E daí eu deixava a água secar no corpo. Volta e meia não usava toalha, não. Colocava a roupa mal escolhida, numa combinação colorida sem nexo, sem lógica. Nada combinava com nada. Eu combinava com o Rio.
E ai eu descia. Dava “bom dia” à Margarida, que volta e meia me respondia com um bônus de “vai com Deus!”. Checava a caixa de correio e sempre me frustrava por receber mais e-mails que cartas. E saia. E o cheiro era sublime. E eu sabia cada lugar.
Vinha um vento e jogava meus cabelos despenteados pra todos os lados. O vento me irritava, mas era uma relação de amor e ódio. Eu adorava sentir meus cabelos voando nos meus ombros. O que eu não gostava era da direção que o vento tentava penteá-los.
E eu sabia que o dia não começaria tão logo eu não chegasse até o Boomerang, minha lanchonete favorita, e comprasse meu açaí de 500ml, “pra viagem e com canudo”. A primeira gota era uma alegria só! Terminava sempre com a boca roxa pelos cantos, a garganta geladinha e a alma refrescada! Ia tomando devagarinho até chegar em casa e poder degustar com mais calma. Quase sempre esse plano dava errado.
No caminho ficavam sempre uns anônimos- sem os quais a cidade não seria a mesma e muita gente também não o seria- que sempre tentam alguma coisa: ou usam uma cantada barata , ou simplesmente fazem um elogio. Vc nunca olha no rosto dessas pessoas, passa direto e faz que não gosta desse tipo de abordagem. Mas a verdade é que são elas que te dão a sua dose diária de auto-estima. O dia pode começar ali: tudo continua em seu lugar. Vc é carioca e eles sabem. Eles vêem no seu jeito de andar. E é por isso que não passa de um comentário que te faz começar bem o dia. Sentir-se então bonita, e da forma mais pura que existe. Afinal, vc escolheu a primeira roupa que viu no armário, sua boca estava roxa de açaí, os cabelos despenteados, e você não estava usando sequer um batom ou brinco. Vc é bonita nas CNTP’s e fora delas. É carioca!
Saudades de voltar pra casa -e ai sim-, escolher uma roupa bem fresquinha, branca ou amarela pra contrastar com a pele bronzeada. Abrir a gaveta de biquínis, escolher aquele mesmo modelo da sua marquinha, que até vir pra cá e perdê-la, sempre tive a impressão de que sempre a tive. Pensei que as cariocas nascessem com ela. Saudades da minha marquinha.
E depois vinha o ritual: óculos escuros, bronzeador e protetor solar filtro 30 , só pra os ombros,que sempre ardiam mais. Posto 9, celular, uma amiga ou ir comigo mesma pra praia, me fazer companhia. Descer para o ponto de ônibus, esperar o 157 que sabe-se lá Deus quando iria passar. Vibrar sempre que passava o 438, pq também é vermelho como o 157 e me enganava toda vez. Não saber quando chegar. Tudo que acontecer nesse intervalo é lucro.
Ahhhh, fazer sinal pra o ônibus parar. Puxar a cordinha quando se quer descer. Passar pela roleta. Ouvir o motorista contar do jogo do flamengo no “maraca”de ontem à noite. Ouvir a reclamação dos passageiros, pq de tão empolgado contando suas histórias ao trocador, ele acabou passando do ponto. E sentar ali na frente, perto da janela...admirando a paisagem e ouvindo aquela singela troca de elogios passageiro-motorista. Ser neutro. Só ouvir.
Sinto falta de um trocador. Os motoristas de ônibus aqui da Alemanha são tão sozinhos. Só rodam eles e uma voz eletrônica, que não conta histórias, não ri de piadas, não reclama, não defende o motorista que se esqueceu de parar no ponto da ira dos passageiros. Só uma voz. A voz de uma mulher frígida, sem emoção, que só abre a boca pra repetir sempre a mesma coisa: “próxima parada tal lugar”. Fim de papo. Chato assim.
E daí eu chegava. E caminhava por Ipanema como se Vinícius tivesse feito uma música para mim, bem ali. Sentia bossa nova nos ouvidos. Estendia a canga, o que sempre me tomou bastante tempo: nunca consigo estendê-la totalmente. Cumprimentava o pessoal de sempre, que sempre deveria estar trabalhando, mas veio “só pra dar um mergulho”. Tá certo! Viver deveria ser sempre prioridade. Deveríamos todos seguir o exemplo. Bater as mãos na mesa, olhar pra quem estiver em volta e dizer num desabafo: “Segura as pontas ai. Vou ali viver e já volto.” E não voltar nem tão cedo. Afinal, vc foi viver.
Gostava de observar as pessoas. Observar a linguagem corporal. Entender o que cada corpo me dizia. Depois corria pra barraca mais próxima e alugava uma cadeira. Me dava a sensação que eu era dona daquilo tudo. Ora, eu estava sentada com tudo aos meus pés. Quer possuir mais que isso?
E também tinham as ondas. Que barulhinho gostoso! Me fazia pensar lá longe, onde elas começam a se formar. Me fazia pensar em Yemanjá, “rainha do mar, odoiá”. Aprendi a não entrar no mar sem pedir licença à sereia bonita: “licença, minha mãe”, e o pé direito. E depois o mar e eu ... isso é outra história. Eu e o mar somos um caso à parte.
E eu gostava era da praia cheia de gente, mesmo. Nada de praia deserta, não. Gosto é das pessoas. Gosto de dividir maravilhas. Gosto de ver as ondas quebrando contra o corpo de alguém e ouvir aquela risada gostosa que vem em seqüência. E sinto falta de apertar meus olhos contra o calor. O sol daqui nem me olha.
E depois eu ia à faculdade. Ponto final do 439- Gávea. Foi lá que eu pude constatar a existência da maior concentração de gênios por metro quadrado. Gênios de todos os tipos. Gênios da música, gênios da diplomacia, gênios revolucionários, genialidades insanas. E o melhor é que eles nem sabem ainda o quanto podem. Nem imaginam o quão aos seus pés o mundo vai estar em breve. Gosto dessa fase dos gênios. Sente-se ainda certa humildade no ar. E é transparente o potencial de cada cabecinha, cada idéia, e o cheiro de planos. Parece que o ano se comprime em um semestre, tamanha a intensidade dos fatos ali dentro. Sentia que estava onde deveria estar. Nem um passo à frente, nem um passo atrás. Exatamente ali.
Está muito certo que muita coisa não se encaixa, não. Mas o Rio de Janeiro não se trata de encaixes perfeitos. É um mosaico colorido e desigual. Eu gosto e sinto falta.
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Desculpa,mas eu tinha que desabafar!
Faltam 9 dias pra eu passar as férias no Brasil. O coração apertou!